Oficina de Fabrico Tradicional de Pão no Moinho de Aviz (Montejunto), 18 de Abril de 2010

Organizado pelo MPI – Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente (https://mpica.info) realizou-se no dia 18 de Abril de 2010 uma Oficina de Formação de Fabrico Tradicional de Pão.

Ao abrigo da chuva e ventos fortes, a parte da manhã decorreu no moinho de Aviz (Serra de Montejunto) reconstruído e propriedade de Miguel Luís Nobre (www.arteaovento.com.pt). Na introdução, apresentada por Alexandra Azevedo (presidente da Direcção do MPI), foram lançadas algumas perguntas e questões para convidar os participantes à reflexão sobre o que se pretende com esta actividade: Apenas um dia bem passado, ou algo que nos leve a alterar os nossos hábitos alimentares e de consumo? Queremos olhar para os moinhos apenas como museus ou como um património ainda com utilidade? Foi ainda feita uma breve exposição sobre o cultivo dos transgénicos e a ameaça que representam para a agricultura e a nossa alimentação.

Depois, o agricultor João Vieira (dirigente da Associação de Agricultores do Distrito de Lisboa e da CNA – Confederação Nacional de Agricultura) mostrou as suas sementes que teimosamente continua a lançar à terra ano após ano para evitar que desapareçam, como é o caso dos trigos Barbela, Laureano, Almansor, Maçaroco e Preto-Amarelo, da Espelta e do milho Carraceno (ideal para cultivar em zonas serranas). Continuou ainda a reflexão sobre as transformações do Mundo Rural, o logro das variedades transgénicas e a lógica da competitividade imposta aos agricultores, sem olhar ao prejuízo a outros níveis, como a perda de variedades de espécies agrícolas (agrobiodiversidade), abandono da terra pelos agricultores “não competitivos”, perda de conhecimentos ancestrais, erosão do solo e contaminação química (pesticidas e fertilizantes químicos).

Seguiu-se a preparação das massas de pão através do processo de lêveda natural, que contou com a ajuda do senhor Manuel Batista que foi moleiro e padeiro. Foram preparados 4 lotes: apenas com farinha de Espelta, apenas com farinha de trigo Almansor, mistura de farinha dos trigos Barbela e Maçaroco e mistura de todas as farinhas, ou seja, espelta e trigos Almansor, Barbela e Maçaroco.

O tempo deu algumas tréguas e foi possível uma foto de grupo no exterior do moinho de Aviz.

O período da tarde realizou-se na Azenha do Vilar, começando pelo almoço onde destacamos na ementa uma saborosa sopa com agrião, labaças e urtigas (pelo menos a avaliar pelos comentários!), coelho e grão guisados com ervas aromáticas (especialidade do senhor Manuel Batista), queijos frescos de cabra e, claro, o pão de múltiplas variedades (pão de bolota de azinheira, pão de bolota de carvalho, focáccia de queijo e nozes, broa de milho, pão de trigo).

Depois do almoço foi possível observar a azenha a funcionar e o seu proprietário, José Tavares Soares, mais conhecido por “Zé Moleiro” falou um pouco da sua actividade e muito mais. Um testemunho de vida!

O dia terminou com a cozedura das massas preparadas de manhã no forno a lenha da azenha e a sua degustação, em que não faltou também chá e bolachas de canela (confeccionadas com farinha de trigo Almansor) que fizeram as delícias dos presentes.

Foi na realidade uma viagem no tempo, nas ideias e nos sabores

Documento em PDF:

http://www.scribd.com/full/44638820?access_key=key-13ahze23j9vndbnmewu2

Abaixo, cartaz de divulgação da actividade (clicar para ver em grande)

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