Oficina dos Sabores: “A Cozinha Sustentável” – uma reflexão para uma alimentação consciente

Depois das oficinas de “Fabrico Tradicional de Pão” agora o MPI – Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente (https://mpica.info) organizou a oficina “A Cozinha Sustentável” no passado domingo dia 27 de Junho, a qual contou com o caloroso apoio da direcção da Associação Cultural, Desportiva, Recreativa e Melhoramentos do Pereiro (Vilar – Cadaval) e das suas simpáticas gentes, e em que se pretendeu fazer uma abordagem mais abrangente sobra a nossa alimentação.
A curiosidade dos participantes era grande e é com satisfação que ouvimos os elogios pela forma como a Oficina decorreu, os assuntos abordados e as propostas gastronómicas, e também as sugestões para futuras iniciativas semelhantes.
A introdução teórica começou com a projecção de excertos do filme “Uma Verdade Mais que Inconveniente” (Meat the Truth) tendo de seguida Alexandra Azevedo (MPI) aprofundado alguns assuntos focados no filme e complementado com outras informações como os alimentos transgénicos, os maus hábitos alimentares dos portugueses e dicas para uma alimentação sustentável: redução do consumo de carne (e peixe), alimentos sem transgénicos, locais, frescos, de variedades tradicionais, biológicos, silvestres, e ainda poupar e proteger a água, poupar energia e reduzir a produção de resíduos: comprar avulso e fazer a compostagem ou a vermicompostagem.


Depois Isaura Silva, antropóloga e terapeuta, de nacionalidade peruana, com base nos ensinamentos que recebeu dos seus mestres, Tomio Kikuchi e Bernadete Kikuchi, em São Paulo (Brasil), alargou ainda mais a reflexão começando por dizer que “Comer não é só comida”, o primeiro alimento é mental (o nosso pensamento), é ainda importante a respiração e a actividade física. É preciso combater o medo, o medo de ficar doente, a saúde é um processo dinâmico, para uma alimentação saudável é preciso alimentos vivos (com o mínimo de tempo entre a colheita e o consumo), integrais (não refinados), folhas verdes e germinados (por exemplo de grão, feijão, fava). Tudo começa pela boca, temos de ter uma alimentação consciente e não apenas por hábitos adquiridos. Comer com calma e gratidão, no mínimo para com o agricultor que cultivou ou a cozinheira que confeccionou os alimentos.
Antes de se começar a parte prática na cozinha foi servida uma merenda surpresa que constou de pão de gengibre, pão de lêveda natural e queijo fresco de leite de cabra, que fizeram as delícias dos participantes. Foi então o momento de vestir os aventais e com a
grande motivação dos participantes instalou-se um “caos organizado” com a formação de 4 grupos que confeccionaram várias receitas diferentes.
Finalmente chegou o momento mais ansiado, a degustação!
Do cardápio destaca-se a saborosa tarte de bredos e beldroegas (ambas ervas silvestres apelidadas de “daninhas”), o pão de bolota, o bolo integral de maçã, o alho francês à Brás e as pataniscas de lentilhas.
Foi muito o que se partilhou e aprendeu, mas ficou o sentimento do quanto temos ainda a aprender, por isso haverá certamente mais oportunidades para voltar ao tema tão complexo e profundo como trivial que é o da alimentação.


Vilar, 29 de Junho de 2010

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